24 outubro 2010

Dois menores contos de fadas do mundo - Luis Fernando Verissímo

1.-) Conto de fadas para mulheres do séc. 21

Era uma vez uma linda moça que perguntou a um lindo rapaz:
- Você quer casar comigo?
Ele respondeu: NÃO!
E a moça viveu feliz para sempre, foi viajar, fez compras, conheceu muitos outros rapazes, visitou muitos lugares, foi morar na praia, comprou outro carro, mobiliou sua casa, sempre estava sorrindo e de bom humor, nunca lhe faltava nada, bebia cerveja com as amigas sempre que estava com vontade e ninguém mandava nela.
O rapaz ficou barrigudo, careca, o pinto caiu, murchou, ficou sozinho e pobre, pois não se constrói nada sem uma MULHER.
FIM!!!

2.-) Conto de fadas para mulheres do séc. 21
Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa independente e cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã.
Então, a rã pulou para o seu colo e disse: - Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Mas uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir um lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre...
E então, naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava: - Nem fo...den...do!

FIM!!!

08 outubro 2010

COMO CONTRATAR UM FUNCIONÁRIO



O método consiste em:

1-Colocar todos os candidatos num galpão
2-Disponibilizar 200 tijolos para cada um.
3-Não dê orientação alguma sobre o que fazer.
4-Tranque-os lá.
Após seis horas, volte e verifique o que fizeram.
Segue a análise dos resultados:
1 - Os que contaram os tijolos, contrate como contadores.
2 - Os que contaram e em seguida recontaram os tijolos, são auditores.
3 - Os que tiverem arrumado os tijolos de maneira muito estranha, difícil de entender, coloque-os no Planejamento, Projeto e Implantação Controle de Produção.
4 - Aqueles que picaram os tijolos em pedacinhos e estiverem tentando montá-los novamente, devem ir direto à Tecnologia da Informação.
5 - Os que estiverem sentados em cima dos tijolos, sem fazer nada ou batendo papo-furado, são dos Recursos Humanos.
6 - Os que já tiverem saído, são gerentes.
7 - Os que estiverem olhando pela janela com o olhar perdido no infinito, são os responsáveis pelo Planejamento Estratégico.
8 - Os que estiverem conversando entre si com as mãos no bolso demonstrando que nem sequer tocaram nos tijolos e jamais fariam isso, cumprimente- os com muito respeito e coloque-os na Diretoria.
9 - Os que levantaram um muro e se esconderam atrás são do Departamento de Marketing.
10 - Os que afirmarem não estar vendo tijolo algum na sala, são advogados, encaminhem ao Departamento Jurídico.
11 - Os que reclamarem que os tijolos 'estão uma porcaria, sem identificação, sem padronização e com medidas erradas', coloque na Qualidade.
12 - Os que começarem a chamar os demais de 'companheiros' , elimine-os imediatamente antes que criem um sindicato.
Atenciosamente,
Psicólogo Chefe

05 outubro 2010

Pérolas do RH (Recursos Humanos)

Respostas reais dadas por candidatos a emprego, extraídas da Revista Exame.


Entrevistador- Então, você está construindo um networking ?


Candidato - Veja bem, eu não sou engenheiro, sou administrador.



Entrevistador- Como você administra a pressão ?


Candidato - Ah, tranquilo. 11 por 7, no máximo 12 por 8.




Entrevistador - Manter sempre o foco é muito importante. E me parece que você tem alguns lapsos de concentração.


Candidato -O senhor poderia repetir a pergunta ?




Entrevistador - Como você se sente trabalhando em equipe ?


Candidato - Bom, desde que não tenha gente dando palpite, me sinto muito bem.



Entrevistador - Como você se definiria em termos de flexibilidade ?


Candidato - Ah, eu faço academia. Sou capaz de encostar o cotovelo na nuca.



Entrevistador - Nós somos uma empresa que nunca pára de perseguir objetivos.


Candidato - Que ótimo. E já conseguiram prender algum ?



Entrevistador - Vejo que você demonstra uma tendência para discordar.


Candidato - Muito pelo contrário.



Entrevistador - Em sua opinião, quais seriam os atributos de um bom líder ?


Candidato - Ah, são várias coisas. Mas a principal é ter liderança.




Entrevistador - Noto que você não mencionou a sua idade aqui no currículo.


Candidato - É que eu uso óculos, e isso me faz parecer mais velho.


Entrevistador - E qual é a sua idade ?


Candidato - Com óculos ou sem óculos ?




Entrevistador - Quais seriam seus pontos fracos ?


Candidato - Ah, é o joelho. Até tive de parar de jogar futebol.



Entrevistador - Há alguma pergunta que você queria me fazer ?


Candidato - Eu parei meu carro lá na rua. Será que eu vou ser multado ?



Entrevistador - Por que, dentre tantos candidatos, nós deveríamos contratá-lo ?


Candidato - Eu pensei que responder a isto fosse seu trabalho.




Entrevistador - Como você pode contribuir para melhorar nosso ambiente de trabalho ?


Candidato - Bem, eu começaria trocando a recepcionista, que é muito feia.



Entrevistador - Várias pessoas que se sentaram aí nessa mesma cadeira hoje são gerentes.


Candidato - Puxa, o fabricante da cadeira vai ficar muito feliz em saber disso.



Entrevistador - Quando digo 'Sucesso', qual a primeira palavra que lhe vem à mente ?


Candidato - Pode ser duas palavras ?


Entrevistador - Pode.


Candidato - Milho. Nário. (essa matou!)



Só faltou essa: Já fez trabalhos em Supermercado ?


Sim, eu arrumava os produtos nas "GLÂNDULAS" ... !!!

04 outubro 2010

Diário de uma perereca depilada

"Tenta sim. Vai ficar lindo."
Foi assim que decidi, por livre e espontânea pressão de amigas, me render à depilação na virilha.
Falaram que eu ia me sentir dez quilos mais leve, mas acho que pentelho não pesa tanto assim.
Disseram que meu namorado ia amar, que eu nunca mais ia querer outra coisa.
Eu imaginava que ia doer porque elas ao menos me avisaram que isso aconteceria.
Mas não esperava que por trás disso, e bota por trás nisso, havia toda uma indústria pornô-ginecológica-estética.
- Oi, queria marcar depilação com a Penélope.
- Vai depilar o quê?
- Virilha.
- Normal ou cavada?
Parei aí. Eu lá sabia o que seria uma virilha cavada. Mas já que era pra fazer, quis fazer direito.
- Cavada mesmo.
- Amanhã, às.... Deixa eu ver...13h?
- Ok. Marcado.
Chegou o dia em que perderia dez quilos. Almocei coisas leves porque sabia lá o que me esperava,
coloquei roupas bonitas, assim, pra ficar chique. Escolhi uma calcinha apresentável. E lá fui.
Assim que cheguei, Penélope estava esperando. Moça alta, mulata, bonitona. Oba, vou ficar que nem ela, legal.
Pediu que eu a seguisse até o local onde o ritual seria realizado.
Saímos da sala de espera e logo entrei num longo corredor. De um lado a parede e do outro, várias cortinas brancas.
Por trás delas ouvia gemidos, gritos, conversas.
Uma mistura de Calígula com O Albergue.
Já senti um frio na barriga ali mesmo, sem desabotoar nem um botão. Eis que chegamos ao nosso cantinho: uma maca, cercada de cortinas.
- Querida, pode deitar.
Tirei a calça e, timidamente, fiquei lá estirada de calcinha na maca.
Mas a Penélope mal olhou pra mim. Virou de costas e ficou de frente pra uma mesinha. Ali estavam os aparelhos de tortura.
Vi coisas estranhas. Uma panela, uma máquina de cortar cabelo, uma pinça.
Meu Deus, era O Albergue mesmo.
De repente, ela vem com um barbante na mão. Fingi que era natural e sabia o que ela faria com aquilo,
mas fiquei surpresa quando ela passou a cordinha pelas laterais da calcinha e a amarrou bem forte.
- Quer bem cavada?
- É... é, isso.
Penélope, então, deixou a calcinha tampando apenas uma fina faixa da Abigail, nome carinhoso de meu órgão, esqueci de apresentar antes.
- Os pêlos estão altos demais. Vou cortar um pouco, senão vai doer mais ainda.
- Ah, sim, claro.
Claro nada, não entendia p-o-r-r-a nenhuma do que ela fazia. Mas confiei.
De repente, ela volta da mesinha de tortura com uma espátula melada de um líquido viscoso e quente (via pela fumaça).
- Pode abrir as pernas.
- Assim?
- Não, querida. Que nem borboleta, sabe? Dobra os joelhos e depois joga cada perna pra um lado.
- Ar-re-ga-nha-da, né?
Ela riu. Que situação.
E então, Pê passou a primeira camada de cera quente em minha virilha virgem.
Gostoso, quentinho, agradável. Até a hora de puxar.
Foi rápido e fatal. Achei que toda a pele de meu corpo tivesse saído, que apenas minha ossada havia sobrado na maca.
Não tive coragem de olhar. Achei que havia sangue jorrando até o teto.
Até procurei minha bolsa com os olhos, já cogitando a possibilidade de ligar para o Samu.
Tudo isso buscando me concentrar em minha expressão, para fingir que era tudo supernatural.
Penélope perguntou se estava tudo bem quando me notou roxa. Eu havia esquecido de respirar. Tinha medo de que doesse mais.
- Tudo ótimo. E você?
Ela riu de novo como quem pensa "que garota estranha". Mas deve ter aprendido a ser simpática para manter clientes.
O processo medieval continuou. A cada puxada eu tinha vontade de espancar Penélope.
Lembrava de minhas amigas recomendando a depilação e imaginava que era tudo uma grande sacanagem, só pra me fazer sofrer.
Todas recomendam a todas porque se cansam de sofrer sozinhas.
- Quer que tire dos lábios?
- Não, eu quero só virilha, bigode não.
- Não, querida, os lábios dela aqui ó.
Não, não, pára tudo. Depilar os tais grandes lábios? Putz, que idéia.
Mas topei. Quem está na maca tem que se fuder mesmo.
- Ah, arranca aí. Faz isso valer a pena, por favor.
Não bastasse minha condição, a depiladora do lado invade o cafofinho de Penélope e dá uma conferida na Abigail.
- Olha, tá ficando linda essa depilação. Menina, mas tá cheio de encravado aqui. Olha de perto.
Se tivesse sobrado algum pen-te-lhi-nho, ele teria balançado com a respiração das duas. Estavam bem perto dali.
Cerrei os olhos e pedi que fosse um pesadelo. "Me leva daqui, Deus, me teletransporta".
Só voltei à terra quando entre uns blá-blá-blás ouvi a palavra pinça.
- Vou dar uma pinçada aqui porque ficaram um pelinhos, tá?
- Pode pinçar, tá tudo dormente mesmo, tô sentindo nada.
Estava enganada.
Senti cada picadinha daquela pinça filha da mãe arrancar cabelinhos resistentes da pele já dolorida.
E quis matá-la. Mas mal sabia que o motivo para isso ainda estava por vir.
- Vamos ficar de lado agora?
- Hein?
- Deitar de lado pra fazer a parte cavada.
Pior não podia ficar. Obedeci a Penélope. Deitei de ladinho e fiquei esperando novas ordens.
- Segura sua bunda aqui?
- Hein?
- Essa banda aqui de cima, puxa ela pra afastar da outra banda.
Tive vontade de chorar. Eu não podia ver o que Pê via. Mas ela estava de cara para ele, o "olho que nada vê".
Quantos haviam visto, à luz do dia, aquela cena?
Nem minha ginecologista. Quis chorar, gritar, pei-dar na cara dela, como se pudesse envenená-la.
Fiquei pensando nela acordando à noite com um pesadelo. O marido perguntaria:
- Tudo bem, Pê?
- Sim... sonhei de novo com o c-u de uma cliente.
Mas de repente fui novamente trazida para a realidade. Senti o aconchego falso da cera quente besuntando meu Twin Peaks.
Não sabia se ficava com mais medo da puxada ou com vergonha da situação.
Sei que ela deve ver mil c-us por dia. Aliás, isso até alivia minha situação.
Por que ela lembraria justamente do meu entre tantos? E aí me veio o pensamento: peraí, mas tem cabelo lá?
Fui impedida de desfiar o questionamento. Pê puxou a cera. Achei que a bun-da tivesse ido toda embora.
Num puxão só, Pê arrancou qualquer coisa que tivesse ali.
Com certeza não havia nem uma preguinha mais pra contar a história. Mordia o travesseiro e grunhia ao mesmo tempo.
Sons guturais, xin-ga-men-tos, preces, tudo junto.
- Vira agora do outro lado.
Por-ra.. Por que não arrancou tudo de uma vez? Virei e segurei novamente a bandinha.
E então, piora. A broaca da salinha do lado novamente abre a cortina.
- Penélope empresta um chumaço de algodão?
Apenas uma lágrima solitária escorreu de meus olhos. Era dor demais, vergonha demais.
Aquilo não fazia sentido. Estava me depilando pra quem?
Ninguém ia ver o tobinha tão de perto daquele jeito. Só mesmo Penélope.
E agora a vizinha inconveniente.
- Terminamos. Pode virar que vou passar maquininha.
- Máquina de quê?!
- Pra deixar ela com o pêlo baixinho, que nem campo de futebol.
- Dói?
- Dói nada.
-Tá, passa essa me-rda...
- Baixa a calcinha, por favor.
Foram dois segundos de choque extremo. Baixe a calcinha, como alguém fala isso sem antes pegar no peitinho?
Mas o choque foi substituído por uma total redenção.
Ela viu tudo, da perereca ao c-u. O que seria baixar a calcinha? E essa parte não doeu mesmo, foi até bem agradável.
- Prontinha. Posso passar um talco?
- Pode, vai lá, deixa a bicha grisalha.
- Tá linda! Pode namorar muito agora.
Namorar...namorar... eu estava com sede de vingança.
Admito que o resultado é bonito, lisinho, sedoso. Mas doía e incomodava demais.
Queria matar minhas amigas. Queria virar feminista, morrer peluda, protestar contra isso.
Queria fazer passeatas, criar uma lei antidepilação cavada e matar o primeiro homem que ver e não comentar absolutamente nada!!
Não fiz nada disso... Um mês depois...
- Normal ou cavada?
Coisas de perereca, vai entender...